Youtube TV

Luto no futebol mundial: Zagallo morre aos 92 anos: o homem que é a história do futebol brasileiro

 


Único tetracampeão do mundo e ícone nacional, Zagallo marcou a história do futebol brasileiro dentro e fora de campo

Morreu, na noite desta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro, o ex-jogador e ex-técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, aos 92 anos. Ícone do futebol mundial e único tetracampeão mundial, Zagallo teve a morte confirmada no seu perfil oficial do Instagram, que é administrado pela família.

Nos últimos anos, Zagallo conviveu com problemas de saúde. Entre agosto e setembro de 2023, ele ficou internado por três semanas para tratar uma infecção urinária. Em 2022, também passou um período no hospital por uma infecção respiratória. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Confira a nota divulgada no perfil oficial de Zagallo

“É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo.

Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas.

Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”.

Zagallo é a história do futebol brasileiro

Natural de Atalaia, em Alagoas, Zagallo se mudou cedo para o Rio de Janeiro e foi criado na Tijuca, próximo ao local onde viria a ser construído o Maracanã. Lá, como jogador do Flamengo, ele iniciou a carreira como jogador de futebol ainda nos anos 1950. O então atacante foi campeão das Copas do Mundo de 1958 e 1962. Esta segunda, já como jogador do Botafogo. No Glorioso, encerrou a carreira como jogador e iniciou a sua trajetória como técnico em 1964.

Zagallo chegou a seleção brasileira poucos meses antes da Copa do Mundo de 1970, assumindo o lugar de João Saldanha. Comandando o ex-companheiro Pelé e um dos melhores times de todos os tempos, Zagallo conquistou a Copa do Mundo, no México. Em 1994, como auxiliar de Parreira, voltou a conquistar a Copa, se tornando o único tetracampeão do mundo. Ao lado de Beckenbauer e Deschamps, o Velho Lobo é um dos três únicos que foram campeões do mundo como jogador e técnico.

 

Ainda como treinador, Zagallo teve passagens pelos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro, além do Bangu. Pelo Botafogo, no início da trajetória no banco de reservas, foi campeão carioca em 1968 e 1969. Pelo Glorioso, também conquistou a Taça Brasil de 1968, hoje unificada como Campeonato Brasileiro. No Fluminense, venceu o Carioca de 1971. E, no Flamengo, clube que dividia o seu coração junto com o Botafogo, foram dois Cariocas, em 1972 e no inesquecível título de 2001.

 

CBF decreta luto por morte de Zagallo

Pouco depois da confirmação da morte de Zagallo, a CBF prestou homenagens ao ídolo e decretou luto de sete dias na Entidade. Além disso, determinou um minuto de silêncio em todas as partidas da primeira rodada das Eliminatórias da Copa do Nordeste, que começa neste sábado (6).

– A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas maiores lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo.  A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol – afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

Zagallo, o dono da Copa do Mundo

Além do maior número de títulos conquistados individualmente, Zagallo é até hoje um dos únicos três campeões que levantou o torneio tanto como jogador quanto como técnico. Franz Beckenbauer e Didier Deschamps completam esse seleto grupo.

Habilidoso ponta-esquerda, Zagallo venceu as Copas de 1958 e 1962 – primeiras conquistas brasileiras na competição – dentro do gramado. No banco de reservas, comandou o time que é considerado por muitos o melhor da história do esporte: O Brasil tricampeão em 1970. Como coordenador técnico, esteve na campanha do tetra liderado por Bebeto e Romário.

O “Velho Lobo”, como era conhecido, também treinou o Brasil nas edições de 1974 e 1998 (ficando, nessa última, com o vice-campeonato). Em 2006, como coordenador técnico, Zagallo reeditou a parceria vitoriosa de 1994 com Carlos Alberto Parreira. Desta vez, porém, viu o time ser eliminado nas quartas de final, no que teria sido sua última participação no torneio.

Um fato curioso é que Zagallo esteve presente na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, quando o Brasil foi derrotado por 2 a 1, no que ficou conhecido mundialmente como ‘Maracanazo’. Aos 19 anos, ele era soldado da Polícia do Exército (enquanto começava sua trajetória como jogador do Flamengo) e um dos responsáveis pela segurança do estádio.

Ao todo, são incríveis cinco finais em sete participações em copas. Por essa trajetória, Zagallo recebeu a Ordem de Mérito da Fifa (honraria mais alta da instituição), possui uma estátua sua na sede da CBF e foi eleito o nono melhor técnico de todos os tempos pela revista Soccer Magazine em 2013.

Trajetória como jogador

Em 1948, Zagallo iniciou sua carreira no América, seu time do coração. Dois anos depois, transferiu-se para o Flamengo, onde venceria o tricampeonato carioca (1953, 1954 e 1955). Disputou mais de 200 partidas pelo rubro-negro, clube que deixou logo após vencer a Copa do Mundo de 1958.

Na sequência, integrou o melhor período da história do Botafogo, onde atuou ao lado de Garrincha, Nilton Santos e Didi. Por lá, foi bicampeão carioca e atuou até 1965. Durante sua carreira, foi elogiado inúmeras vezes por ser polivalente e contribuiu para a inovação tática dentro das quatro linhas.

Trajetória como técnico

Logo após pendurar as chuteiras em 1966, Zagallo iniciou sua carreira de treinador nas categorias de base do Botafogo, clube pelo qual teve quatro passagens no banco de reservas. Ele também treinaria Flamengo (3 vezes), Vasco (duas vezes), Fluminense, Bangu, Portuguesa e, naturalmente, a Seleção Brasileira (duas vezes como técnico e duas vezes como coordenador técnico).

Fora do Brasil, Zagallo treinou o saudita Al-Hilal e as seleções do Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

Com a Seleção Brasileira, além da Copa do Mundo conquistada em 1970, Zagallo venceu uma Copa América (1997), uma Copa das Confederações (1997) e foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996).

“Vocês vão ter que me engolir”

Durante a trajetória do título da Copa América de 1997 com a Seleção Brasileira, Zagallo vinha se queixando das críticas que seu trabalho recebia. Foi então que, momentos depois do Brasil vencer a Bolívia por 3 a 1 na final do torneio, o “Velho Lobo” protagonizou um desabafo que entraria para a história.

Após o apito final, o treinador procurou as câmeras televisivas, olhou fixamente e, com semblante sério, proferiu a frase que ficou célebre no futebol brasileiro: “Vocês vão ter que me engolir”.

Com clara dificuldade de respirar – o torneio era realizado na implacável altitude boliviana – Zagallo deu o recado aos seus críticos, sem citar nomes. “Ganhamos com dificuldade. Não tínhamos a mesma dificuldade…mas tínhamos o coração. É para você. Vocês sabem quem são. Não preciso dizer mais nada. Vocês vão ter que me engolir”, sentenciou o treinador ainda no gramado.

A vitória na Copa América de 1997 garantiria a permanência de Zagallo na Seleção Brasileira para a Copa do Mundo do ano seguinte. Na França, ele chegaria a mais uma final, mas dessa vez seria derrotado pelos anfitriões liderados por Zinedine Zidane.

Por Trivela

Comentários