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Quem é Janja Silva? Jornalistas contam história da militante que virou 1ª Dama

 


Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos – arquivo

Os jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo são autores do livro “Janja  – A militante que se tornou primeira-dama”, sobre Rosângela Lula da Silva. A dupla caiu em campo e fizeram a pesquisa. O livro tem o selo da Editora Máquina de Livros, 176 páginas.

Depois de lançarem ‘Todas as mulheres dos presidentes”, em 2019, os escritores Ciça e Murilo acharam que a mulher do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva merecia um livro próprio.

Para os autores havia uma urgência em publicar “Janja – A militante que se tornou primeira-dama”, que segundo eles, não é exatamente uma biografia e está mais para um perfil biográfico. “Nossa preocupação era responder à pergunta ‘quem é Janja?’. Não é uma biografia, porque o capítulo principal da vida dela está sendo escrito agora”, explicam.

Este livro, reportagem, não se atém à história de amor entre Janja e Lula.

A personagem Janja nasceu em União da Vitória, no Paraná, em 27 de agosto de 1966. Mais nova de dois irmãos, Janja é filha de Terezinha da Silva, dona de casa falecida em 2020, e José Clóvis da Silva, comerciante aposentado de 82 anos.

Murilo Fiuza e Ceiça Guedes conversaram com o MaisPB e relatam inúmeras história da senhora Janja da Silva

Ciça Guedes

MaisPB – A impressão que a gente tem é  que a personagem Janja está no contexto e o livro será um passo para uma biografia ou já está tudo aí?

Ciça Guedes – O livro não se propõe a ser uma biografia completa, é um perfil biográfico, mesmo porque um capítulo muito importante da vida dela começa a ser escrito agora, como primeira-dama. Para ser uma biografia, seria necessário um mergulho mais profundo na história da vida de Janja desde a infância, da qual ela não fala em suas redes sociais, tampouco em entrevistas.

MaisPB  – Você não acha que o livro saiu cedo demais, pelo tempo que o povo brasileiro conhece a Janja?

Ciça Guedes – Nosso objetivo era justamente mostrar quem é Janja, porque ela apareceu na política brasileira repentinamente, ao lado de um dos mais importantes líderes que o país já conheceu, e era desconhecida da maioria da população. Nem mesmo na Vigília Lula Livre, o movimento que reuniu milhares de pessoas em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, ao longo dos 580 dias em que Lula esteve preso, se sabia que ela era a namorada dele. Somente um círculo muito restrito sabia do romance, até porque havia o receio de que ela sofresse violências. Isso durou até o dia 18 de maio de 2019, quando o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, após visitar o petista na prisão, anunciou que ele estava apaixonado e pretendia se casar assim que fosse libertado.

MaisPB – Janja aparece tanto, que vocês dizem que sem Janja ou assim como Janja não haveria o Lula 3. Vamos falar sobre isso?

Ciça Guedes  – Exatamente! Por isso, inclusive, nossa “pressa” em lançar o livro. Janja teve um papel muito importante na campanha. Ela trouxe jovialidade à campanha petista, soube lidar bem com as redes sociais, agregou novamente artistas e personalidades do meio cultural em torno de Lula. Após tantos anos no poder, em nível federal e também nos estados e municípios, e da forte presença no Congresso, o PT se tornou um partido mais burocrático, havia perdido aquela marca que carregou durante muito tempo, de fazer política com gosto e vontade. De fazer política com alegria. Janja resgatou isso.

MaisPB – Há uma diferença entre as primeiras-damas do Brasil?

Ciça Guedes – Sim, a característica que a difere das demais primeiras-damas, mesmo as que tiveram papel de destaque ao longo do mandato de seus maridos, como Darcy Vargas, Sara Kubitscheck e Ruth Cardoso: Janja tem um gosto genuíno pela política, gosta de política. Ela é uma militante petista há quase 40 anos. Não uma ativista que vai a passeatas e atos públicos, não é só isso, ela é militante de fato, teve papel ativo na construção do PT no Paraná.

MaisPB – Como vocês conseguiram todo esse material para lançar  “Janja, a militante que se tornou primeira-dama”?

Ciça Guedes – Apesar de mais de uma dezena de pessoas próximas a Janja terem se recusado a falar conosco, inclusive a própria Janja, nós conseguimos boas entrevistas e fizemos muita pesquisa, não só nos jornais e revistas, mas também nas redes sociais da Janja. Ela publica muito! Nós conseguimos correlacionar acontecimentos da vida dela e da política com posts muitas vezes enigmáticos, mas que mostravam o que ela pensava sobre as questões. Além disso, nos preocupamos em contextualizar os acontecimentos com a conjuntura política e social de cada período. Porque a vida dela, que se filiou ao PT aos 17 anos, está ligada aos fatos políticos de forma indissociável. Até mesmo sua carreira profissional, na maior parte do tempo exercida em Itaipu, a maior hidrelétrica do país, para a qual foi indicada pelo PT.

MaisPB-  Há uma justificativa no livro de que pelo papel que Janja  teve na eleição de Lula, por sua atuação no início do mandato e sua importância no governo, que seria fundamental conhecer a trajetória dela de militante petista a primeira-dama. Vamos falar sobre isso?

Ciça Guedes – Já abordei um pouco dessa questão em perguntas anteriores, mas você tem razão. Por tudo que a militância partidária representou em sua vida, não se poderia esperar ter uma primeira-dama diferente. No período em que ela se filiou ao PT, em 1983, o país vivia uma crise econômica profunda, e muitos movimentos populares se articulavam. Nesse mesmo ano nasceu a CUT, a Central Única dos Trabalhadores, no ano seguinte surgiria o MST. Foram tempos de muita ebulição política, e Janja viveu isso ao longo dos quatro anos da universidade. Formada, mudou-se de Curitiba para Ponta Grossa e envolveu-se com o movimento dos professores universitários, que começaram a se organizar naquela época. É bom lembrar que a ditadura militar havia acabado em 1985, mas teve, como se diz hoje, cauda longa! Seus efeitos se arrastaram por muito tempo, a liberdade de organização não foi conquistada num estalar de dedos. Depois Janja foi para a liderança do PT na Assembleia Legislativa do Paraná, onde conheceu Gleisi Hoffmann e Jorge Samek, que a levaram para Itaipu. Ou seja, com toda essa vivência, seria pedir demais que ela ficasse cuidando de catar moedinha no lago do Palácio da Alvorada, não é?

MaisPB  – Como foi a passagem de Janja em defesa dos direitos das mulheres e das minorias, quando ela esteve como executiva de uma  hidrelétrica do país?

Ciça Guedes  –Itaipu é uma empresa gigantesca, e com grande influência na política paranaense. Quando Jorge Samek assumiu sua direção-geral, no primeiro governo de Lula, houve uma guinada no sentido de fazer com que parte dos recursos se destinasse à promoção do desenvolvimento sustentável da região. A função de Janja foi justamente cuidar do programa que visava tirar da miséria a população da Vila C, que era o bairro mais pobre e populoso de Foz do Iguaçu, onde se localiza Itaipu. Na Vila C haviam sido alojados os trabalhadores que para lá se mudaram para construir a usina, e, como sempre acontece em nosso país, foram abandonados lá à própria sorte, uma vez findo o megaprojeto de infraestrutura. Anos depois, ela fez um curso na Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro, e trabalhou na Eletrobras, especializando-se em questões relacionadas aos relatórios de sustentabilidade, que envolvem investimentos sociais e ambientais das empresas.

MaisPB – Como foi o trabalho que vocês fizeram – no livro Todas As Mulheres dos Presidentes – farão uma edição revisitada para incluir Janja?

Ciça Guedes  – O livro “Todas as mulheres dos presidentes – a história pouco conhecida das primeiras-damas do Brasil desde o início da República” foi lançado em 2019. É um trabalho pioneiro, há pouco material sistematizado sobre as primeiras-damas, embora sempre haja grande curiosidade sobre elas. Uma das coisas que nos saltou aos olhos foi o fato de que, das 34 primeiras-damas perfiladas, somente três tinham curso superior e só uma teve uma carreira profissional independente e bem-sucedida, que foi a Ruth Cardoso. Quando incluirmos a Janja, serão duas mulheres com carreiras independentes.

Murilo Fiuza

MaisPB – Como tem sido a repercussão do livro?

Murilo Fiuza – “Janja” é o nosso quarto livro. Posso dizer que a repercussão tem sido muito boa, porque as pessoas têm muita curiosidade de saber sobre a mulher que hoje está ao lado do presidente Lula. Quem é Janja? Como ela surgiu? O que fazia antes de conhecê-lo? Essas são algumas perguntas que os brasileiros fizeram e ainda fazem desde que Janja surgiu no cenário nacional, logo após a saída do petista da cadeia.

 

MaisPB – A primeira-dama viu o livro, qual foi a impressão dela?

 

Murilo Fiuza – Acreditamos que ela já tenha lido. Infelizmente, tentamos de todas as maneiras entrevistá-la quando estávamos escrevendo o livro, mas a assessoria da primeira-dama nos retornou dizendo que ainda “era cedo” para escrever a sua história, embora tivéssemos explicado que não se tratava de uma biografia – longe disso. Para a nossa surpresa, esbarramos ainda com uma barreira de silêncio. Mais de uma dezena de pessoas do entorno dela declinou de pedidos de entrevistas, o que nos pareceu algo deliberado. Mesmo assim conseguimos quebrar essa barreira e conseguimos bons depoimentos. Realizamos também uma extensa apuração em veículos de imprensa, documentos e nas redes sociais da primeira-dama e de seus amigos próximos. A partir daí, cruzamos as informações – algumas inéditas – para compor o perfil.

MaisPB – E a impressão dela?

Murilo Fiuza – Sobre a impressão dela, a única que temos até agora é a que está expressa na nota divulgada por assessoria pouco antes da obra chegar às livrarias. Na ocasião, a primeira-dama disse que o livro era “inapropriado” e que trazia “Imprecisões nos fatos” e “exageros nas interpretações”. Nunca conseguimos saber quais imprecisões e exageros. A realidade é que a manifestação da primeira-dama se baseou em apenas três notas divulgadas na ocasião, e não na obra como um todo. Depois que lançamos o livro, não tivemos mais nenhum comentário público dela sobre o assunto.

MaisPB – A socióloga Rosangela da Silva tem trabalhos publicados?

Murilo Fiuza – Sim, ela tem a monografia que escreveu para o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, da Escola Superior de Guerra, do qual participou em 2011 por indicação da Hidrelétrica de Itaipu, onde trabalhava. Sob o título “Mulher e poder: relações de gênero nas instituições de defesa e segurança nacional”, Janja buscou fazer um amplo mapeamento da presença da mulher nas estruturas de defesa e segurança do país,  usando dados estatísticos da participação feminina nos parlamentos de diversos países, nas secretarias municipais de capitais brasileiras, em gabinetes ministeriais e cargos de confiança no governo federal, além de estatísticas de mulheres eleitas para o Senado, Câmara dos Deputados, assembleias legislativas, prefeituras e câmaras municipais. É interessante que se diga que a Escola Superior de Guerra foi, durante o regime militar, um dos principais centros de formação de intelectuais contrários à disseminação de ideais de esquerda ou àquelas que poderiam atentar contra a “tradicional família brasileira”. Com a redemocratização, a escola teve que se abrir a outras visões de mundo, mas, como instituição militar por essência, ainda se mantém bem conservadora. E Janja sabia disso. Muitas vezes, bateu de frente com algumas ideias discutidas por professores e alunos durante as aulas do curso.

MaisPB – Que mais você pode falar dessa monografia?

Murilo Fiuza  – Na abertura do seu trabalho de conclusão, ela foi bem ousada ao citar uma frase da alagoana e ativista da causa feminista Clara Charf: “Não há uma ação transformadora nesse país que não tenha a cabeça, o braço e o coração da mulher”. Clara era mais conhecida como viúva do baiano Carlos Marighella, principal nome da guerrilha comunista no Brasil durante a ditadura, inimigo número um do regime na segunda metade da década de 1960

MaisPB  – Vocês afirmam que a participação dela na campanha presidencial já ocupa um espaço bem maior do que o tradicionalmente reservado às primeiras-damas. Diz aí?

Murilo Fiuza- Ao contrário de outras primeiras-damas, Janja tem uma história de 40 anos de militância partidária. Ela é um “ser político” por natureza, como a definiu o coordenador do MST no Paraná, Roberto Baggio, que a conheceu quando ela ainda trabalhava na liderança do PT na Assembleia Legislativa do Paraná nos anos 1990. Podemos dizer que Marisa Letícia também foi importante na carreira política de Lula, foi quem bordou a primeira bandeira do PT, mas ela nunca teve uma atuação na burocracia partidária, como Janja teve no diretório paraense do partido. Foi ali que ela conheceu Gleisi Hoffmann, atual presidente nacional do PT, e Jorge Samek, então deputado estadual, que a levaram mais tarde para Itaipu. Uma vez com o Lula, Janja, então uma militante partidária restrita ao Paraná, floresceu nacionalmente. A relação dos dois foi se encorpando até tornar-se simbiótica, como definiu a própria primeira-dama. Cresceu na campanha, e Lula não seria Lula 3 sem Janja, assim como Janja não seria o que é hoje sem o petista. Os dois construíram juntos a narrativa do amor contra ódio que derrotou Bolsonaro. No governo, ela vem mostrando o seu gosto pelo exercício da política e isso tem causado estranheza entre aliados, jornalistas e parte da população que acha que o papel da primeira-dama está circunscrito às ações de cunho social e assistencialista ou aos cuidados do Palácio da Alvorada.

MaisPB  – Tem passagens no livro em que ela corre perigo e precisa de escolta?

Murilo Fiuza –  Sim, na época em que Lula estava preso em Curitiba e Janja ainda passava incógnita pela militância, ela evitava ter ao seu lado a presença de seguranças do ex-presidente. Gato escaldado, depois do atentado no Sul, durante as Caravanas Lula pelo País, e com o crescente radicalismo na política, o líder petista andava preocupado com a integridade da namorada e implorava ao advogado Manoel Caetano que não a deixasse circular sem proteção. Janja, porém, sempre arranjava um jeito de fugir da escolta dos seguranças, indo para eventos, por exemplo, de carros de aplicativo. Até que em uma noite num bar em Curitiba, como nos contou a advogada Luciana Worms, Janja foi surpreendida por um bêbado armado que partiu para cima de Manoel Caetano, que estava sentado ao lado dela. O advogado a abraçou para protegê-la. Poucas pessoas, claro, sabiam que ela era namorada de Lula e o bêbado foi em direção a Manoel Caetano, que é bem conhecido em Curitiba como advogado do petista. A situação foi controlada, mas depois disso Janja aceitou a escolta. A Luciana, que é amiga da primeira-dama e presenciou a cena, nos contou que todo mundo passou a ter muito medo do que poderia acontecer. Era um momento de muita radicalização política.

MaisPB– Você diz que ao lado de Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad, Janja é um dos personagens mais proeminentes deste grupo. Poderia explicar?

Murilo Fiuza – Sim, podemos fazer um paralelo com o Lula no seu primeiro mandato. Naquela ocasião, o presidente contava com dois aliados muito importantes na formulação da imagem e da estratégia do governo: o publicitário Duda Mendonça, que criou o “Lulinha paz e amor” e José Dirceu, o ex-líder estudantil, guerrilheiro, deputado, depois ministro da Casa Civil, e um dos próceres do partido até então. Dirceu era o grande articulador político de Lula 1. Neste Lula 3, o que temos no entorno do presidente são aquelas pessoas que estavam ao seu lado durante os 580 dias em que esteve preso em Curitiba: Gleisi, Fernando Haddad e, claro, Janja. Ela sem dúvida tem uma grande influência política sobre Lula, não apenas por ser sua mulher, mas também por trazer ideias novas e que conectam o presidente às novas gerações de eleitores, como a defesa dos direitos dos animais, a luta contra o racismo – veja o posicionamento enfático de Lula sobre o caso do jogador Vini Junior – e a violência doméstica.

MaisPB – Tem uma passagem no Rio de Janeiro, quando fazia um curso e convidou o então presidente Lula para fazer uma palestra – procede?

Murilo Fiuza –  O caso nos foi contado pelo desembargador aposentado Siro Darlan, que foi colega de Janja no curso da Escola Superior de Guerra em 2011. Ele nos revelou histórias saborosas e a mais interessante foi a palestra que Lula deu aos militares da escola, articulada por Janja.  Tinha sete meses que o presidente deixara a Presidência da República quando ele foi à ESG. Os militares não gostam de Lula, mas tiveram que engolir o sapo barbudo, como dizia o velho Brizola. Siro nos contou que todos prestaram homenagem, balançando a cabeça, aplaudiram o petista, mas nos corredores, o discurso foi outro.  O desembargador disse ter ficado surpreso com a intimidade entre Janja e Lula, que parecia muito amiga dele. Comportou-se, segundo ele, como uma espécie de relações-públicas, recebendo o líder petista e apresentando-o aos colegas.

MaisPB – Existem várias histórias sobre  a personagem Janja na boca do povo, como se dizia antigamente – é intriga da oposição?

Murilo Fiuza – Como diz minha colega Ciça Guedes, bater em primeira-dama virou uma espécie de esporte nacional. Há, sem dúvida, uma visão machista que não aceita que uma mulher, primeira-dama, possa estar trabalhando ao lado do marido presidente, propondo ou discordando de ideias do dia a dia da política de governo. Como disse Lula em sua primeira entrevista à GloboNews, Janja irá fazer o que quiser no seu governo e que os dois juntos vão ajudar a reconstruir o país. Ela, por sua vez, já disse que as pessoas precisam entender que Lula não está sozinho, mas que tem um complemento, que é ela. Os dois se somam, e atuam juntos. É preciso também pontuar que Janja é simpática, articulada, mas centralizadora. Ideias divergentes precisam estar muito bem fundamentadas para convencê-la. Do contrário, ela segue em frente, não se importando com o que pensa o interlocutor. E isso já lhe rendeu críticas tanto no PT quanto no governo. Como nos disse um colega que conviveu com Janja na Eletrobras, onde ela trabalhou por cinco anos, a primeira-dama é “espaçosa”, no sentido de ocupar espaço para o bem e para o mal, numa visão mais ampla. Ou seja, qualquer espaço vazio, ela ocupa e isso, sem dúvida, causa incômodo entre os aliados.

MaisPB – Vamos falar da influência da Lua na personagem Janja?

Murilo Fiuza – Claro, mas antes queria dizer que concordo com a frase do historiador Marco Aurélio, ex-companheiro de Janja, que, assim como Lula, é bem mais velho que ela. Ele nos disse que Janja foi um “sofro de vida” na sua existência, não apenas no sentido do cuidado, mas pela vitalidade e por suas ideias. Com Lula, é a mesma coisa. Janja foi um sopro de vida depois de tudo que o presidente passou nos últimos anos. Lula foi preso quando os dois tinham apenas quatro meses de namoro. Eles ainda viviam a paixão do início de um romance. As cartas trocadas diariamente ajudaram a manter a chama do amor acesa. Ela só conseguiu visitá-lo um ano depois da prisão. E Janja se desdobrava para cuidar dele, lavando suas roupas, preparando e levando comida para ele, escrevendo cartas e ainda trabalhando em Itaipu. Como nos disse Luciana Worms, parecia que o dia de Janja tinha 48 horas.

MaisPB – E a Lua?

Murilo Fiuza – Sobre a lua, é uma história bem interessante. Janja é atenta a tudo que tem a ver com o feminino e, neste sentido, sempre foi ligada na lua, cujas fases são associadas ao ciclo menstrual de 28 dias, aproximadamente. Segundo estudiosos, a lua minguante representa a pré-menstruação; a nova, a menstruação; a crescente, a pré-ovulação; e a cheia, a ovulação. Na astrologia, a lua cheia é símbolo da prosperidade, da fertilidade e representa o período em que há uma maior capacidade de entrega àquilo que se ama.

Janja povoou suas redes sociais com fotos da lua cheia, feitas por ela ou por Ricardo Stuckert, o fotógrafo oficial do presidente. Publicou mais de uma dezena de imagens. Foi assim na primeira viagem do casal em janeiro de 2018 para uma casa em Maresias, no litoral paulista, em janeiro de 2018. O romance era mantido em segredo. Em seu Instagram, ela publicou uma foto da lua em todo o seu esplendor.  Depois teve o famoso clique no Ceará, em outubro de 2021, no qual aparece Janja abraçada a Lula, de sunga e com coxas bem torneadas à mostra, tendo ao fundo uma imensa lua cheia. Neste caso, porém, o satélite passou despercebido, pois o povo só falou da boa forma física do então ex-presidente, (disse o escritor rindo_)

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