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Aluno deixa aula online para colocar lona na casa destelhada onde mora

 


Um garoto de 12 anos de idade surpreendeu a turma dele ao pedir para se ausentar da aula online por 15 minutos porque precisava ajudar a família a colocar uma lona. Sem conseguir retornar aos estudos naquela quinta-feira (13), a professora descobriu depois que o aluno mora em uma casa que não tem telhado em Sarandi, região metropolitana de Maringá (PR).

A situação do estudante Lucas Rodrigues Monteiro mobilizou a professora de História Elaine Bogo, que resolveu contar nas redes sociais o caso, com intuito de mobilizar a sociedade na busca por algum tipo de ajuda para aquela família.

A professora fez questão de conhecer a família pessoalmente, e constatou que, na casa de Lucas, também não havia energia elétrica. Para assistir às aulas, que atualmente transcorrem de maneira online por conta da pandemia de covid-19, o jovem estudante precisa carregar o aparelho de telefone celular na casa de um vizinho.

Infelizmente, o aluno sofre para conseguir aproveitar tudo o que os professores podem ensinar nas aulas online. Com o celular antigo, é comum a bateria ficar descarregada antes do término das aulas. Mesmo assim, Lucas não desanima e persiste com o ensino remoto em Sarandi.

Estudante Lucas ao lado da sua irmã, Luna. (FOTO: RIC Record TV Maringá)

A reportagem da RIC Record TV Maringá visitou a casa daquela família na segunda-feira (24), que contou a história de vida deles. Os pais Joaquim Lino Monteiro e Célia Monteiro, com os quatro filhos (duas crianças e dois jovens), mudaram-se de Sorriso, no Estado do Mato Grosso, para Sarandi, onde conseguiram um pequeno terreno para erguer uma casa, mas as dificuldades financeiras impediram que as obras na residência fossem concluídas.

Graças à professora Elaine, toda a escola ficou sabendo da história do Lucas e muita gente se mobilizou para fazer pequenas doações, que têm ajudado a família na compra de telhas para finalmente cobrir a casa, ainda sem pintura, com tijolos à mostra. Infelizmente, a luta pela família também envolve questões de saúde, já que Joaquim sofre com hanseníase e diabetes e Célia está com câncer.

Naquele dia, o dever familiar falou mais alto para Lucas. O pai dele contou à reportagem que formou de repente um tempo de chuva, que costuma vir acompanhado de ventos fortes naquela região. Com o esforço de todos, a lona foi colocada para evitar danos maiores dentro da casa. Mesmo assim, infelizmente, aquela família hoje sobrevive em meio ao desconforto causado por toda aquela situação.

Íamos perder tudo. Tudo que já conseguimos construir na casa ficaria perdido. Nós ficamos com medo”, disse o pai Joaquim ao repórter Fábio Guillen.

Emocionada, Célia contou com orgulho a atitude do filho, que, naquele dia em que precisou sair da aula, revelou para a professora que seria necessário ajudar a colocar a lona para que a chuva também não molhasse toda a roupa que a mãe havia lavado naquele dia.

Ele tentou subir na escada, colocar a lona e não dava certo, ficou meio apavorado, né filho? E eu disse: vamos entregar para Deus, porque nós vamos conseguir”, lembrou a mãe de Lucas, já em lágrimas e olhando para o filho, tímido e extremamente consciente, sempre disposto a ajudar a família dele.

“A professora deixou eu sair da aula, e eu fui correndo ajudar a colocar a lona antes da chuva. Deu tempo, mas de um pouquinho de trabalho”,

DISSE O ESTUDANTE.

‘Agora tem telha’

Com a repercussão do caso, a casa da família do Lucas agora está coberta com telhas, mas uma parte da fachada ainda está coberta de lona, para cortar, pelo menos um pouco, a entrada do vento na residência.

Joaquim contou que alguns vizinhos ficaram sabendo da situação e doaram telhas e madeira para que o telhado finalmente fosse colocado. Os dois filhos mais velhos também conseguiram emprego e estão atuando no corte de cana em uma fazenda na região.

“A gente está tendo muita ajuda do povo. O povo é muito solidário. Não tem como a gente agradecer mais por tudo que as pessoas estão fazendo para nós, aqui. Sem esse povo aqui para nos ajudar, a casa da gente não estaria assim”, agradeceu a mãe.

Energia elétrica ainda em falta

O próximo passo da família é conseguir instalar energia elétrica na casa. Para além das questões básicas de conforto e higiene que qualquer família obtém com sistema elétrico no lar, Célia contou que precisam da luz também para manter refrigerado o medicamento que o marido precisa tomar por conta da diabetes.

“Ganhamos uma geladeira, mas precisamos da energia para conservar a insulina”, disse à reportagem.

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Dona Célia mostrando o fogão onde esquenta água para os filhos tomarem banho. (FOTO: RIC Record TV Maringá)

“Agora, no frio, eu preciso esquentar uma água no fogãozinho que tem lá fora para as crianças tomarem banho. Eu tenho dó de eles tomarem banho no chuveiro frio”, desabafou.

Da redação/ Com RIC MAIS



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