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Esporotricose, o que está acontecendo em nossa volta?

 


animal felino lesionado com a doença

Por João Paulo Prado

Nos últimos dois anos a população da região do brejo paraibano tem aparecido na rotina clínica veterinária com animais, especialmente gatos, com lesões as quais reclamam difíceis de curar com tratamentos convencionais. O ano era 2018 e à medida que os laboratórios ficaram mais acessíveis e os diagnósticos foram surgindo, nos deparamos com uma doença que antes tinham casos bem mais rotineiros no sul e sudeste do país, mas que até então era pouco conhecida na nossa casuística. Trata-se da Esporotricose.

Esporotricose é uma infecção cutânea causada por um fungo saprófita Sporothrix schenckii. Conhecida antigamente como doença do jardineiro devido o problema ser antes transmitido a partir da manipulação de solos que proporcionam o habitat favorável ao fungo, hoje é transmitida de forma direta entre as populações felinas e entre outras espécies, inclusive em humanos. As lesões caracterizam-se por nódulos avermelhados com secreções que lembram abscessos e feridas causadas por brigas, sendo mais comuns na face, no plano nasal, base da cauda e patas, podendo ser isoladas ou múltiplas e o curso dessa doença costuma ser de evolução rápida.

Devido a grande população de animais de rua, da cultura de abandono de animais doentes, falta de habito da população de castrar os animais, cultura da criação do gato solto, falta de estrutura e interesse dos municípios em criar centros de zoonoses, onde nem mesmo as secretarias de saúde nem setores para receber notificações existem, a doença encontra campo fértil para disseminar-se e não são raras as vezes que encontramos os proprietários contaminados com a doença do seu animal. Até mesmo o corpo do animal que vai a óbito é fator contaminante e precisa ser cremado para evitar contaminação ambiental.

Apesar de o quadro assustar, a doença é tratável e pode ser curada. Para isso, o animal acometido precisa ser diagnosticado precocemente. A doença pode ser confundida com outras patologias, por isso o diagnóstico citológico precisa ser feito o quanto antes. Infelizmente, animais sem tratamento possuem 100% de letalidade. Quanto mais precoce a abordagem, melhores são os resultados. Bom estado hígido e nutricional também são primordiais para o sucesso do tratamento.

Por fim, apesar de outras espécies puderem ser acometidas, o gato é a maior vítima da doença! Soluções podem ser encontradas na estruturação de centro de esterilização de animais de rua e de animais da população economicamente vulnerável. Programa de educação de posse responsável e esclarecimento à sociedade sobre aquilo que estamos enfrentando são fundamentais. O que há três anos eram 2 casos registrados por ano, hoje abordamos dois casos por dia na região polarizada por Guarabira. Escutar que algo será feito escutamos desde que não existia a doença. Belos discursos e promessas podemos escutar para outros assuntos. Vida não se discursa. Se vive! E que lutemos por elas! Por todas!

João Paulo Prado é veterinário

Contato: (83) 98879-1877

lesão em humano contaminado com a Esporotricose

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