O
Vaticano suspendeu nesta quarta-feira (23) por tempo indeterminado um
bispo alemão que ficou conhecido na mídia internacional como ‘bispo da
ostentação’ (‘bling’, em inglês, em referência a um termo usado para
descrever o comportamento perdulário de rappers, que gastam dinheiro em
limusines, mansões e joias).
O bispo de Limburg (diocese no oeste da
Alemanha onde fica Frankfurt), Franz-Peter Tebartz-van Elst, é acusado
de gastar mais de 31 milhões de euros (equivalente a mais de R$ 90
milhões) para renovar sua residência oficial.
A casa recebeu uma banheira de 15 mil
euros (cerca de R$ 45 mil), uma mesa para reuniões de 25 mil euros
(cerca de R$ 75 mil) e uma capela privada de 2,9 milhões de euros (cerca
de R$ 8,7 milhões).
Ele também viajou de primeira classe para a Índia durante uma visita em que se encontrou com pobres do país.
A suspensão — anunciada em comunicado do
Vaticano — aconteceu dois dias depois de um encontro entre ele e o papa
Francisco para discutir o assunto.
Dispensa ‘apropriada’
O Vaticano diz na nota que é ‘apropriado dar um tempo de dispensa da diocese’ ao bispo.
‘Foi criada uma situação na qual o bispo não tem mais condições de conduzir suas tarefas episcopais.’
Uma comissão da iIgreja vai se
aprofundar em investigações sobre o tema. Não se sabe o que o bispo de
53 anos fará até que haja uma decisão final sobre seu destino.
O líder do maior grupo católico alemão, Alois Glueck, elogiou a decisão do Vaticano.
— A decisão do papa Francisco oferece
uma chance para um primeiro passo em direção a um recomeço para a
diocese de Limburg, porque esta situação toda se tornou muito pesada
para os fiéis daqui e de toda a Alemanha nas últimas semanas.
Repercussão
As ações de Tebartz-van Elst tiveram grande repercussão entre os alemães.
No país, muitos pagam um imposto ao
governo que é repassado à igreja. Em 2012, esse tributo arrecadou 5,2
bilhões de euros para os católicos e 4,6 bilhões de euros para os
protestantes.
O ‘bispo da ostentação’ é acusado de mentir sob juramento sobre gastos incorridos com o dinheiro da diocese.
A Alemanha é o berço da Reforma
Protestante liderada por Martinho Lutero (1483-1546), teólogo que
questionou a prática da Igreja Católica da época de conceder
indulgências (perdões aos pecados) em troca de dinheiro.
Segundo o correspondente da BBC em Roma,
Alan Johnston, o papa Francisco já demonstrou que sua intenção é sanear
todas as contas da Igreja Católica e não tolerar este tipo de
comportamento.
Desde que assumiu o pontificado, em
março, Francisco tem ressaltado a importância da humildade e do respeito
aos mais pobres, além de ter, ele próprio, abdicado de várias regalias a
que teria direito como autoridade máxima da Igreja Católica.
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